Inicia-se
nova etapa na vida desta Academia. Temos certeza do passado, assim como temos
certeza da festa do presente. Resta, contudo, a obscuridade do futuro.
Obscuridade esta que se pode traduzir em expectativas, esperanças mil e desejos
de que tudo seja tão claro, bom e feliz como o foi o passado.
Juntos, os
Acadêmicos, e nós que ora assumimos a Presidência desta casa da cultura, somos
felizes e gratos ao contarmos com vossas presenças. Vós, ó aqueles que,
familiares ou amigos, companheiros das
lides da vida, aqui viestes para nos acalentar o coração; vós que - aquiescendo
ao convite que vos formulamos, em pensando tornar-nos felizes - deslocastes-vos
do aconchego de vossos lares, para - nesta manhã, que tão importante nos é -
estardes aqui conosco. Sede, por conseguinte, bem-vindos!
Há treze anos, no dia 27 de julho de 2000, ao
instalarmos nossa Academia, era
, nestas plagas, mais uma Academia que se
instalava. Não queríamos, entrementes, que fosse tão somente mais uma Academia.
Se apenas mais uma o fosse, melhor não seria de quantas houve e não perduraram.
Era, e continua sendo nossa volição, seja ela um exemplo, um protótipo, um
Norte.
Que dizer de Academias, em se tratando de história?
Foi na Grécia antiga que o termo teve sua origem quando
significava o jardim onde Platão ensinava filosofia – E esta, um sistema de
valores, força moral e elevação de espírito com que o homem se coloca acima dos
preconceitos. – Vede, senhores, a primeira noção: a Sabedoria.
A significação atual do termo Academia - uma sociedade de escritores,
artistas, eruditos e cientistas que se dedicam ao estudo e à promoção de suas
especialidades – data do século XV, inicialmente na Itália, quando os
humanistas pretenderam reviver a Cultura Clássica e fundaram a CHORUS ACADEMIAE
FLORENTINAE e, posteriormente na França, a partir de 1508, com ampla difusão no
século XVIII.
No Brasil, Academias surgiram no século XVIII como
reflexo do que se praticava então em Portugal, seguindo modelo oriundo da
Itália onde floresceram diferentes associações do gênero, como: a Academia dos
Inquietos (Bologna); a Academia dos Obscuros (LUCCA); a Academia dos
Dissonantes (MODENA).
Em Portugal, pois, por influência da tradição italiana,
surgiram:
1663 - Academia dos Singulares;
1649 - Academia de Generosos;
1724 - Academia dos Aplicados;
A
Academia Real das Ciências - hoje Academia das Letras de Lisboa - organizou-se
em 1779.
No Brasil, as Academias não foram apenas Grêmios
Literários – Elas dedicavam-se às atividades culturais, de caráter histórico e
científico, além do seu espírito moralista, religioso e cortesão. - E tivemos,
assim, aqui, as primeiras:
1724 – Academia Brasílica dos Esquecidos – Bahia;
1736 – Academia dos Felizes – Rio de Janeiro;
1752 - Academia dos Seletos – Rio de Janeiro;
1759 - Academia Brasílica dos Renascidos – Bahia.
Nossa Academia maior - e mãe - A ACADEMIA BRASILEIRA DE
LETRAS, fundada em 1896, reuniu duas gerações de escritores: a dos derrotados
com a queda da Monarquia e a dos vitoriosos com a implantação da República. Foi
Medeiros e Albuquerque quem teve a idéia da Fundação de uma Academia brasileira
voltada para as letras. Lúcio de Mendonça - que se entusiasmou pelo projeto -
deu importante contribuição pessoal. A iniciativa, contudo, só haveria de
realizar-se graças a Machado de Assis, que liderou o movimento, sendo escolhido
como primeiro Presidente da instituição.
Com suas 40 cadeiras – como a nossa – o objetivo da
Academia Brasileira de Letras, expresso em seus Estatutos ,
desde as primeiras horas, foi assim resumido: “A Cultura da Língua e da Literatura Nacional”. – Fundada que foi aos
15 de dezembro de 1896 e inaugurada aos 20 de julho de 1897, naqueles sete
meses, realizou sete sessões preparatórias. Seus estatutos foram aprovados por
16 escritores.
Esta nossa Academia, instalada, como já se disse, aos 27
de julho de 2000, percorreu um período de nove meses, quando, também nós,
realizamos 13 sessões preparatórias, sendo sete assembléias e seis reuniões com
os membros da Diretoria Provisória, tendo nossos Estatutos sido aprovados por
21 Acadêmicos que naquela data tomavam posse como Membros Titulares Fundadores.
Daqueles desbravadores da Cultura - nesta parcela do
solo Centro-Norte Paranaense restam apenas nove, os quais orgulham-me citá-los
pela perseverança e amor aos sentimentos da cultura, expressos nas Letras, nas
Artes e nas Ciências. São eles: Adenor Leonardo Terra, Braz Miranda de Sá,
Fahed Daher, Leny Fernandes Zulim, Leônidas Matheus, Naici Vasconcelos de
Souza, Oscar Ivan Prux, Walter Domingos
e este que vos fala (Artur).
Vede, ó senhores, a sua grande maioria
encontra-se presente neste momento entre nós. E aliados a outros dezesseis que
vieram para cerrar fileiras e unir forças, hoje, compõe-se esta casa de 25
valorosos Acadêmicos.
Caríssimos todos, foram nove os meses do período de
gestação de nossa Academia. Foi o tempo de lhe dar vida, moldar-lhe um corpo,
constituí-la de uma personalidade. Personalidade esta que jurídica é - por sua
criação - todavia, mais que jurídica, é cultural, um templo de sabedoria:
-
Sabedoria esta que significa a
capacidade de discernimento; perspicácia; uso correto e adequado dos princípios
éticos e morais que imprimem caráter na personalidade de cada Acadêmico que a compõe.
-
Sabedoria esta, como aquela dada a
Salomão, aliada à prudência e a uma mente aberta. A sua sabedoria era maior que
a de todos os sábios do Oriente e do Egito. Era o mais sábio de todos os
homens, tanto assim, que de todos os povos vizinhos acorriam pessoas para
ouvir-lhe a Sabedoria.
O conceito é este: a Sabedoria é resplandecente e não fenece; mostra-se facilmente
àqueles que a amam e se deixa encontrar pelos que a procuram.
E vede, ó amigos, como Salomão se refere à Sabedoria: “Eu
preferi a Sabedoria dos cetros e tronos e julguei sem valor as riquezas; não a igualei à pedra mais preciosa, pois
diante dela, todo o ouro e a prata do mundo, semelhantes às areias do deserto e
à lama da terra se tornam; amei-a mais que a saúde e a beleza. Quis possuí-la
de preferência à luz, pois é inextinguível o brilho que de si esparge. Se a
riqueza é bem desejável na vida, que há de mais rico que a sabedoria, que todas
as coisas faz? Se a prudência é eficaz, quem mais que a sabedoria é do
universo, artífice?”
Ouvi, dizemos-vos,
ó companheiros de labuta, não permitais que a sabedoria do homem vos impeça de
divisardes bens maiores!
Sede fiéis aos vossos
intentos, não esmoreçais! Não permitais acalmar-se em vossos corações a chama
dos anseios! Sede perseverantes, tende conosco que o bem maior é a constância!
Que vossas obras se multipliquem, que os
vossos corações se abram para que possais produzir tanto bem quanto o que de
vós se espera! Sede profícuos no produzir, que a vossa sabedoria seja um
manancial de planos, idéias e frutos para que, ao caírem em boa terra,
multipliquem-se e produzam tanto bem quanto o que a sequiosa sociedade moderna
necessita e deseja.
Sede luz e sal com vossas palavras, com vossas idéias!
Sede um luzeiro a irradiar o brilho de vossa mente, aclarai as íngremes e
tortuosas veredas para que não se perca parcela mínima de tão sedento povo!
Infundi qual sal, o sabor ao viver, fazei conservar sempre bom o que era puro!
Fazei de vossas benfazejas obras a antítese aos efeitos dos vilipêndios que
grassam em nossa comunidade!
Incluindo-nos, dizemos: Sejamos humildes, não permitamos que a
soberba nos avilte os pensamentos; perscrutemos,
nos anseios coletivos - ou nos do mais simples dos mortais - o que, em forma de
obras, possamos produzir que lhes abrande o sofrimento, aplaque a dor, acalme o
espírito contristado, afague têmporas e ombros sobrecarregados com o fardo dos
imensos encargos que lhes vergam a vida. Produzamos algo que lhes acalente a
alma!
Ó nós - que tendo um pouco do poder criador de Deus -
digamos ao final de nossos dias e de nossas obras: “E tendo visto tudo quanto havíamos criado, vimos que tudo era bom”.
E assim, nós que temos o direito, permissão, poder e dever de criar,
conscientizemo-nos da imensa responsabilidade que nos pesa às mãos e criemos,
atentos aos lídimos anseios daqueles que - se não o podem ter na realidade - o
tenham, ao menos, na esfera da criação, da ficção, nas letras, nas artes, na
ciência.
Antes
que esta Academia fosse criada, sempre nos propúnhamos a escrever um livro. A
ideia estava concebida, a história era concreta, sabíamos-lhe começo, meio e
fim, contudo, do pensamente à ação, havia uma distância imensa que não nos
deixava espaço para o agir. Talvez nos faltasse a motivação. Uma vez partícipe
desta obra magnífica, fugiu-nos a desculpa da não motivação e foi quando nos
lançamos à ação. E, hoje, depois de tantos anos, três são já os livros
escritos: "Talita Kum (Eu te digo, Levanta-te!)", "Cláusula
Pétrea" e "História do Município de Presidente Castelo Branco
desde suas raízes no Patrimônio Iroí". - A Academia foi a grande
inspiração.
Ó Centro-Norte do Paraná, Arapongas, Londrina, Mandaguari,
São Pedro do Ivaí, e Apucarana que hoje apresentais esta plêiade de filhos
vossos... ó Jandaia do Sul, que já ostentou nossa nobre Acadêmica Terezinha
Barbosa Guimarães; ó região bendita que nos acolhestes em vida e nos preparais
o leito da terra quente e acolhedora, para quando o espírito dirigir-se ao
infinito... sede exultante, ó região!
Continuai exultando, ufanando-se com estes espíritos
jovens, com estas mãos laboriosas que ainda hoje continuam se apresentando para
vos honrar e projetar. Estai certa que vós não sereis desmerecida. Esta
integração de forças, almas, anseios e propósitos que hoje se congregam, demonstram
a pujança de vosso povo, a riqueza de vossa natureza, as bênçãos infinitas, que
do alto vos premiam.
Ó Deus, Pai de todas as correntes, dai-nos sapiência
para empregarmos adequadamente o dom infinito com que nos cumulastes! Sede
pródigo em vossas graças para que sejamos profícuos naquilo que - com todos os
que conosco hoje estão, familiares e amigos, e com todos da comunidade -
possamos condividir.
Sede felizes, vós todos os que nos
visitais, os que, em querendo nos agradar, compartilhais conosco das primícias
do Dom da amizade.
E assumindo esta nova gestão, não
poderíamos deixar de louvar e agradecer àqueles que foram luzeiro, esteio e
baluartes desta Academia. Louvamos a iniciativa e o esforço inicial quando
nosso Presidente Fahed Daher se propôs a criar e fez desenvolver-se esta
entidade que - nati-viva... criança robusta - menina
se fez e desenvolveu-se, esbelta e forte.
Louvamos, também, o desvelo e a garra,
o denodo e a paixão com que a conduziu - já menina-moça - nosso segundo Presidente,
o Acadêmico Edson Tavares, que hoje colhe os frutos e recebe os louros da sua
retumbante vitória.
O mesmo louvor e agradecimento se o
faz a cada Acadêmico desta casa, pelo esforço desprendido e pela contribuição
contínua que prestam ao seu desenvolvimento e grandeza.
E hoje, animados, dispostos,
confiantes e esperançosos da compreensão e cooperação de todos os nossos pares
de Academia, assumimos tão difícil empreitada. Imbuídos, entrementes, da melhor
boa vontade, esperamos e desejamos estar à altura de tão elevada plêiade, para
que, nas Letras, nas Artes e nas Ciências, cada um de nós, células e partes de
um todo equânime, possamos manifestar nosso potencial e produzirmos as obras
que de nós se espera.
Aproveitamos este momento para
lançarmos a semente de nossa segunda Coletânea. Felizes o fomos quando lançamos
a primeira... Felizes o seremos ao realizarmos a segunda e, quiçá, nos anos
vindouros realizemos outras subsequentes. Começai, o Acadêmicos, a preparar
vossas obras!
E de ideia em ideia se farão as ações.
Estai sempre com este Presidente, partilhando seus anseios para que floresçam,
deem bons frutos e mostrem ao mundo a que veio esta Casa do Saber.
Nossa Academia necessita de mais mãos.
Resta aqui o convite a que mais intelectos se predisponham a somar forças
conosco. Que nenhuma Cadeira reste ociosa, havendo intelectuais dispostos a dar
seu contributo. Rogamos ao Senhor da messe que nos envie mais operários.
E que o mesmo Deus de todas as Letras,
Artes e Ciências derrame sobre todos, e sobre cada um em especial dos que
compõem esta Academia, suas mais abundantes e escolhidas Graças e Bênçãos,
fazendo-o também sobre os seus familiares, amigos e convidados que hoje aqui
vieram para - na manifestação de sua amizade - tornar-nos mais felizes.
Sede todos, ó amigos, a mão que nos
apoia, o sustentáculo que nos firma, a terra fértil onde possamos plantar a
semente da cultura, do saber e, sobretudo, do bem.
Obrigado, ó senhores!
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