Artigo completo sobre a missão do educador.
ATRIBUTOS ESSENCIAIS DO EDUCADOR
CAVALCANTI, Afonso de Sousa. afonsoc3@hotmail.com
Resumo
Comunicação oral
Introdução: Ao refletir sobre a vivência do magistério, o professor entende e sente a necessidade de se envolver no ensino e na pesquisa, para que se sinta engajado na profissão e na ética do magistério. O verdadeiro profissional do magistério percebe que ele tem o sagrado dever de buscar o aperfeiçoamento ao ensino e à pesquisa. Objetivos: Levar os profissionais da educação à compreensão de que a arte de ensinar e de pesquisar exige o cultivo das virtudes da eficiência, da tolerância, do saber com profundidade e outras. Material e método: Este estudo discorrerá sobre lições de filosofia que estão em: MERLEAU-PONTY. A estrutura do comportamento, 1975 e KANT. Fundamentação da metafísica dos costumes. 1974. Discussão: O profissional do magistério busca a formação de cidadãos e quer para eles o desenvolvimento profissional. Este exercício ajuda a sanar a marginalidade e a miséria sociais. O contingente de pessoas – a massa – fica à mercê do controle do Estado. Para evitar a marginalidade, faz-se necessário que a sociedade civil exija que o Estado cumpra sua função. As várias profissões nascem das necessidades sociais e estas são bem ou mal sucedidas conforme o sucesso no trabalho, no clube, na igreja, no sindicato e outras repartições. Quanto mais o profissional do magistério compreender a sociedade e sobre ela agir com cautela e amor, mais profissional e mais ético ele será. Conclusão: Ao realizar suas atividades docentes de ensino e de pesquisa, o educador e pesquisador exercita o sujeito moral que ele representa: no caso específico de ser professor. Torna-se sujeito ético na medida em que cria os seus juízos éticos de valor e segue sua consciência crítica. Destes juízos pode-se concluir que o bem gera a felicidade e o mal produz o desconforto espiritual e material. Os sujeitos éticos moldam sua cultura, de forma a facilitar a definição de valores e a consciência moral. Palavras-chave: Moral. Profissionalismo. Comprometimento.
ATRIBUTOS ESSENCIAIS DO EDUCADOR
CAVALCANTI, Afonso de Sousa. afonsoc3@hotmail.com
Introdução
O professor se constrói, na medida em que facilita o ensino e a pesquisa. Para Aristóteles muita gente nasce já com potencialidades diferenciadas, como: os dons para a música, a dança, a pintura, a escultura, o atletismo, o esporte etc. Estes indivíduos vieram de uma família que pode ter sido atendida ou não por um professor. Esta projetou e modelou o comportamento de seus filhos, conforme os valores cultivados. A família não tem o poder total para impedir a violência, o uso das drogas e a falta de solidariedade. Apesar de sua fragilidade, a família consegue organizar a primeira comunidade e depois atinge a milhares de criaturas. A família tem algumas tarefas que são próprias dela: a educação com amor e para o amor (NALINI, 1999. p. 130). Com esta educação, ela consegue: ensinar o respeito e afasta o egoísmo; demonstra o espírito da partilha dos bens excedentes; cultiva a compaixão pelos desvalidos e o interesse por todas as criaturas; incute a crença no transcendente; participa ativamente na vida da sociedade, principalmente nos momentos das mais importantes necessidades de mudanças de atitudes. É na família que está o sentido institucional da sociedade. Os pais tornam-se os primeiros professores dos filhos: ensinando-lhes a falar, a caminhar, a tomar direções diversas; conduzindo-os à escola para que esta os ensine a ler e incentive a ler para compreender. A família não está para projetar nos filhos uma forma falsa de viver, um modo de se distrair e de rejeitar a verdadeira moral. O estudo em foco quer repensar o papel do profissional do magistério que necessita dinamizar-se: aprender a ensinar e a pesquisar; desenvolver em si a capacidade de ouvir, de tolerar e de dialogar sobre a sensibilidade e o entendimento de todos que com ele estão na escola e além dela.
1.1. A moral comunitária e o sujeito ético.
Vivendo para a família, o sujeito aprende a cultivar a moral comunitária. Tal moral induz o sujeito a sentir a necessidade de buscar aperfeiçoamento para se tornar um bom profissional. Quem sabe, este atributo confira ao sujeito o título de bom filho ou de operário padrão – aquele que consegue produzir mais mercadoria, com maior quantidade e melhor qualidade, gastando menos matéria-prima, consumindo menor quantidade de energia para produzi-la e ainda que tal mercadoria, além de cair na preferência dos consumidores, esta custe menos e evite agressões ao meio ambiente. Para ser este operário, é preciso preparar-se. Nem todos serão bons filhos e muito menos operários padrão.
"A inclusão do excluído, ou a inclusão do outro, precisam ser encaradas com seriedade. A aparente passividade dos miseráveis não pode confortar a consciência ética"(NALINI, 1999). A família, a escola e as outras instituições sociais já ouviram falar e às vezes até já participaram de ações, salvando alguns excluídos ou incluindo alguém. Não é difícil ouvir de que crianças abandonadas foram adotadas, de que escolas e instituições sociais realizam projetos de acolhida aos excluídos. Sem preparo, sem busca de tecnologia (de saber fazer), de preceitos (saber participar com disciplina, respeito e dignidade), de sentimentos (implicando o cumprimento constante do dever), não haverá doação, o lançar-se ao mundo em busca do cumprimento de uma missão: a sua. As instituições, às quais se mencionou, necessitam desse conhecimento.
Os profissionais do ensino – militantes assíduos de Ciências Humanas e de Ciências Sociais Aplicadas - não se cansam em afirmar que todo aquele que se dedica ao estudo, tendo em vista a formação de cidadãos e ao desenvolvimento contínuo do profissionalismo, este consome seus dias executando projetos e mais projetos de vida que ensinam sobre a necessidade de mudanças de atitudes. Acredita-se que a maior teoria esteja no ensino e aprendizado de como sair da categoria de "marginalizado e miserável", para lograr êxito. Ensina-se que a primeira ação para mudar as atitudes de vida é ouvir. A maioria dos marginalizados e miseráveis – ao que muitos costumam chamar de massa – fica à mercê do controle do Estado que tem sido paternalista. Esta não quer ouvir porque prefere acomodar-se. Os verdadeiros militantes da educação acreditam que é preciso fazer doações - assistência social -, aos que estão ma miséria. Estes acreditam que em curto espaço de tempo, as famílias, que hoje estão na marginalidade, em pouco tempo serão envolvidas por resultados educativos e sairão das dificuldades por suas próprias forças.
Para evitar a marginalidade, faz-se necessário que a sociedade civil tome as rédeas e exija que o Estado cumpra sua função. As várias profissões nascem das necessidades sociais e estas são bem ou mal sucedidas de acordo com a convivência encontrada no trabalho, no clube, na igreja, no sindicato e em centenas de outras repartições. O sindicato é o primeiro fórum de encontro dos profissionais da educação, uma vez que estes queiram discutir e encaminhar questões pertinentes sobre a qualidade do ensino, formação do professor e profissionalismo.
Por dissertar sobre trabalho, sobre profissionalismo, é preciso descrever a ética pública e a ética privada. Dependendo do encaminhamento profissional, encontram-se, ao mesmo tempo, sujeitos bem ou mal sucedidos em serviços públicos e privados. A boa prática das éticas pública e privada virá com o salto qualitativo – momento delicado este, em que a sociedade política brasileira estiver unida inteiramente pronta para fiscalizar o trabalho dos governantes -, e as pessoas se libertem para a ordem, o amor e o progresso. O povo se torna o patrão do governo e confere a ele o pacto constitucional. A consciência despertada em cada cidadão, fará com que cada brasileiro sinta aversão à omissão: ao preparo profissional, à busca constante de técnicas, à reflexão com profunda análise sobre as causas da miséria, da pobreza e da falta de patriotismo. Nas idéias vindas do comentário jornalístico brasileiro pode-se ler: "Cada brasileiro deve ter consciência de que o governante está a seu serviço e não ele a serviço do governante, e de que é bom governante apenas aquele que tem como meta exclusiva servir ao cidadão. Cada brasileiro vale individualmente, mais do que todos os políticos, pois todos os políticos têm a obrigação constitucional de servir-lhe, e só para isto foram eleitos ou escolhidos, em concursos, pra os cargos públicos" (MARTINS, 1997).
Da forma como expressou o jurista, os políticos são eleitos ou escolhidos para gerenciar o bem comum. Da mesma forma, todos os profissionais ou servidores, – independentes de cargo ou função – estão a serviço de todos os que deles servem. Não se pode perder de vista, que o primeiro serviço do professor é despertar em seus aprendizes a possibilidades reais de seus sentidos, racionalidade e intuição. O bom professor desperta para o senso do filosofar. Aqueles que se tornam servidores são submetidos à moralidade crítica ou à moralidade legalizada. Quando a ação do sujeito ainda não foi incorporada ao direito positivo, mas garante critério à norma positiva, é chamada de moralidade crítica. Quando a função do sujeito já é incorporada ao direito positivo, acontece ali a moralidade legalizada ou positivada (NALINI, 1999). Os que vivem a ética pública, estes seguem critérios e se deixam guiar por orientações que organizam a vida social e ao mesmo tempo, procuram alcançar a virtude, a felicidade, o bem, e até mesmo a salvação, elevando-se sempre na busca livre de sua ética privada. Em outras palavras: para ser professor, juiz, bancário, pastor e tantas outras funções sociais, tais servidores passarão pelo processo de busca do conhecimento. Estes estarão conscientes de suas responsabilidades públicas. Ao mesmo tempo em que cada um destes sujeitos cumpre sua missão, este pode encontrar a sua felicidade: ao que agora chamamos de ética privada. A ética privada está no plano da realização individual.
1.2 A moralidade legalizada ou positivada e o projeto ético individual.
A moralidade legalizada ou positivada diz que para atingir melhor o raciocínio, acredita-se que é necessário aprofundar o conhecimento sobre o projeto moral individual. "O projeto moral individual, se não ostentar a condição de fruto da autonomia e não revestir o requisito da universalidade, não poderá ser considerado como integrante da moralidade privada. Se a moralidade privada coincide sempre com os interesses de seu titular, haverá grandes motivos de suspeita de que esta pessoa carece de moralidade" (NALINI, 1999). Tal projeto exige que o sujeito forme sua consciência e possivelmente consiga enxergar com profundidade o pluralismo ideológico, a tolerância, a liberdade individual e coletiva. Desta forma, não importa a profissão assumida ou a simples função que ocupa temporariamente, importa sim saber lidar com calma com as intransigências, com as intolerâncias, com os radicalismos. A presença de espírito fará surgir a humildade intelectual e abrirá o coração para os semelhantes mais difíceis e intoleráveis.
Conclusão
Quando se lê e se reflete sobre educação, pensa-se que: os educadores, enquanto leem textos que os conduzem ao ensino e à pesquisa, estes o fazem por prazer de ler ou por necessidade de conhecer a matéria. De uma ou de outra forma, estes se apropriam do conhecimento e pode mudar suas atitudes para viver. Aqueles que leem bastante, o fazem por hábito e por exigência de sua consciência – conhecer é uma tarefa necessária para eles.Não importa qual é a área de conhecimento: conhecer nunca é demais! No caso de nossos estudantes que buscam o conhecimento e o diploma, estes visam uma garantia vital. Assim agindo, atingem a moralidade legalizada e até mesmo poderão praticar a ética pública e no futuro, quem sabe, serão exemplares servidores. Muitos correrão o risco de não atingir a ética privada porque não se incomodaram com sua reta consciência, com seu bem (a felicidade que é o princípio de finalidade do homem).
Ao escrever este texto, afirmo, sem medo de errar, que quem administra um bem público ou privado, deva assumir com responsabilidade a moralidade positivada no contrato de trabalho ou em outra forma de indicação ou concurso público, de tal modo a não trair sua consciência moral, tendo que apelar para alguns meios ilícitos – diuturnamente utilizados – e que fazem parte da prática corrupta da administração pública no Brasil.
O senso moral é a consciência moral de todas as pessoas que formam uma comunidade. O sujeito moral é o resultado da vivência da moralidade, da felicidade, da reciprocidade e da solidariedade de uma comunidade. O sujeito moral transforma-se em sujeito ético na medida em que este cria os seus juízos éticos de valor. Estes juízos são mais favoráveis nos agrupamentos humanos homogêneos. Os juízos de valor indicam que o bem gera a felicidade e o mal produz o desconforto espiritual e material. O bem e o mal são criados pelos sujeitos morais. Os sujeitos éticos moldam sua cultura de forma a facilitar à maioria a tecnologia, os preceitos e os sentimentos. Na medida em que os sujeitos definem os valores, estes criam sua consciência moral. Através do exercício dos desejos e da vontade, percebemos que os sujeitos cultivam ou deixam de cultivar a liberdade. Ser livre é uma questão de exercício da vontade. Ser escravo é definir-se pelos desejos. Para ser mais claro e usar a capacidade de filosofar: o desejo representa apenas o exercício das almas vegetativa e sensitiva, ao passo que a vontade é o resultado do bom uso dos desejos, sob o controle da razão. O sujeito ético torna-se sujeito ativo e pratica a moral autônoma, ao passo que o sujeito moral, muitas vezes, levado por desejos de seu grupo, age de forma heterônoma. Através da vivência ética, os homens criam sua cultura, transformam a sociedade e se deixam mover por fortes imperativos do dever ser, afastando-se do crime, da violência, dos vícios e dos males em geral. A vivência ética tem o seu dever ser nas virtudes.
Aqueles que desejam ser profissionais do ensino e da pesquisa devem repensar que a maior mudança de atitude do professor deve ser a de investir em si mesmo: buscando o conhecimento, o saber fazer; atribuindo-lhe normas e preceitos; despertando em si os sentimentos que nascem da alma. Nesta tríade de atividades surge o grande resultado, que é o prazer de viver. O mundo material ampara as pessoas vazias e que não aprenderam a raciocinar, a celebrar a paz, a cultivar o perdão, a florescer o amor. Quem vive a ética, vai além da matéria, pois o sujeito ético é aquele que escuta e dialoga porque aprendeu a transcender a materialidade.
Referências.
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BÍBLIA DE JERUSALÉM. 1990.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 9 e. São Paulo: Ática, 1997.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou matéria, forma e poder de um estado eclesiástico e civil. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
KANT, Emmanuel. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1974.
MARTINS, Ives Gandra da Silva. Ser cidadão. Folha de São Paulo de 26/01/1997
MÁYNEZ, Eduardo García. Ética de bens. Ética formal. Ética valorativa. 18 e. México: Porrua, 1970.
MERLEAU-PONTY, Maurice. A estrutura do comportamento. Belo Horizonte: Interlivros, 1975.
NALINI, José Renato. Ética Geral e profissional. 2 e. São Paulo: Editora Revista dos tribunais, 1999.
NADER, Paulo. Filosofia do Direito. Rio de Janeiro Forense, 2004.
REALE, Giovanni e ANTISESERI, Dario. História da Filosofia. V. I, II e III. 2 e. São Paulo: Paulus, 1991.
REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga, v. 1, São Paulo: Loyola, 1993.
SAENZ, José Montoya. Aristóteles: sabiduría y felicidad. Madrid: Cincel, 1985.
____________. Introducción a algunos problemas de la história de la ética. Campinas: PUCCAMP, 1998.
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