Apresentação

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Poesia de João Viera Jr - A Gente se Completa nas Carências

Eu amo meu país
Apesar de o meu pais ser o brasil
E por causa do meu pais ser o Brasil
Apesar dos Zés Dirceus
Dos Delúbios
E dos Genuínos
Que nada tem de genuíno
Assim como eu amo meus amigos
E minha família
Apesar de eles não serem perfeitos
Apesar de faltar algo neles ...
E, não menos importante, apesar de faltar coisas em mim
De sermos incompletos
De sermos mancos, meios cegos, meio burros, meio bestas
Meio mais ou menos
Não os troco por nada inteiro
E não admito que me tirem um pedaço sequer deles ...
Porque me dou inteiro ...
Mesmo longe ...
Mesmo faltando
Sendo humano
Mesmo errando ...
Amo meu pais como amo minha família
E meus amigos
E os aceito.
Apesar de reclamar deles o tempo todo
E ser motivo de reclamações
De censuras e admoestações
E mesmo faltando algo em nós, nos completamos
Porque se nós nos abandonássemos
Não seriamos o que dizemos que somos
A gente se completa e se atura
Na carência e na fartura
Mesmo que seja manco
Mesmo que seja assim
Apesar dos Zés e dos Manés
Apesar dos pesares
E por causa deles
Devemos nos melhorar
A cada dia
A cada volta do relógio
Porque senão,
O que viemos fazer aqui?
¬

Livro de Pedro Cagna - A RELAÇÃO ACABOU. E AGORA?

Caros Amigos,

Segue anexo “Capa do meu novo livro – A RELAÇÃO ACABOU. E AGORA? - Editado pela All Print Editora”, com lançamento previsto para novembro/2013.

Pedro Cagna,
Suprimento.
C
ARAMURU ALIMENTOS S.A.- Apucarana (PR)
(43) 3420-4822

Scortecci abre inscrições para sua Antologia Literária de 2014



INCERTEZAS E SUAS FRAGILIDADES

Estão abertas as inscrições para a Antologia de Poesias, Contos e Crônicas da Scortecci Editora, ano 2014, de nome INCERTEZAS E SUAS FRAGILIDADES.

O tema é livre.

Dela poderão participar escritores brasileiros, residentes ou não no Brasil, maiores de 16 anos.

A Antologia será editada em dois volumes, com aproximadamente 75 autores cada, organizada em ordem alfabética e por nome de AUTOR.

Inscrições  pela Internet até 31 de março de 2014 ou até o preenchimento das 150 vagas, o que acontecer primeiro.

Mais informações e inscrições: aqui

Grupo Editorial Scortecci
antologia@scortecci.com.br
www.scortecci.com.br

Edição, impressão e comercialização de livros em pequenas tiragens desde 1982.



Pedro Cagna,
Suprimento.
C
ARAMURU ALIMENTOS S.A.- Apucarana (PR)
(43) 3420-4822

Conto de Afonso Cavalvanti - O lado do bem e o lado da maledicência

O lado do bem e o lado da maledicência
Afonso de Sousa Cavalcanti
        Creia pois, Pereira, um baita missionário redentorista, apareceu um dia destes em um local chamado Pedrinha. Ali estavam reunidos alguns dos ex-seminaristas redentoristas e seus convidados, aqueles que vivem repetindo:
- Uma vez redentoristas, sempre redentoristas!
        O missionário Pereira não veio com este lema na boca, mas concordou plenamente com ele porque é amigo do Anchieta, que é amigo do Desidério e que são discípulos seguidores de um missionário porreta, o que nos ensinou a vibrar com o arriba, o Libardi, o santo do Tietê.
- Não sou grande conhecedor de Teologia e por isso vou explicar um pouco sobre a teologia prática que experimentei em minha vida, afirmou o missionário.
        Quase todos olharam admirados para a simplicidade daquele paulista, de perto de São João da Boa vista, pois ele se apresentou de pés no chão e explicou o motivo de ele estar assim despreocupado.
- Gostei muito do gesto do senhor pregador e se o senhor me permite, de ora em diante não terei receio em me apresentar ao meu público, também de pés no chão, afirmou a senhora Marina.
        Nosso bom apresentador trouxe poemas de sua autoria, mas convenceu seu público narrando casos, de forma que o Jandaia implorou para ele:
- Na condição de professor orientador de trabalhos científicos, solicito e o aconselho para que doravante Vossa Senhoria escreva estes seus causos no gênero contos, crônicas ou outros. Destine estes seus escritos para alunos do Ensino Fundamental. Creia, padre Pereira, o senhor é iluminado e irá iluminar milhares de corações jovens e adultos.
        Uma passagem fantástica registrou o missionário, na manhã de sábado.
- Exatamente em uma cidade mineira por onde passei, ouvi e presenciei a história de um rapaz, o Maldonado, que nunca faltava aos velórios da cidadezinha. Cidade pacata, é claro, quase todo mundo vai ao velório de todo mundo, Pereira encheu o peito para nos contar isto.
        Maldonado ficava cada vez mais conhecido naquelas redondezas, pois se aproximava do caixão do morto e dizia:
- Esta jovem, esta senhora, este moço, este doutor... tinha as qualidades de... Enumerava os principais pontos que formavam o bom caráter do defunto da vez. Os parentes ficavam maravilhados com as qualidades que Maldonado arrancava de sua memória sobre aquele ente já passado. Por isso em todos os velórios havia enorme multidão.
- Na cidade não havia somente gente com qualidades fantásticas, havia também um senhor que era maledicente, malvado, maltratador, mandão, munheca e outros atributos negativos. Como todos morrem um dia, aquele senhor chamado Osório também morreu. Adivinhem, disse Pereira, quem foi que veio para o sepultamento deste mal caráter?
        Pereira deixou todos os presentes próximos de uma incógnita. Pelo motivo de Osório ser maledicente, malvado e... então não haveria ninguém no velório.
- Enganam-se todos. Este foi o velório mais concorrido da cidade, afirmou o missionário.
        A hora do sepultamento chegava e o salão da capela mortuária estava lotado, na expectativa de ouvir o que Maldonado diria a respeito do defunto Osório. O moço se aproximou do caixão, sem medo de sua alma penada. Colocou sua mão direita sobre as mãos do falecido e disse:
- Inté que o senhor defunto fazendeiro tinha um sorriso lindo.
        Acreditem os senhores, Pereira arrancou esta conclusão lá do fundo de sua memória. Acredito que ele já encomendou dezenas de almas e pela pureza d’alma que presenciei nele, pela trajetória de sua vida, trilhando pelo Evangelho do Amor, jamais este missionário pensou em maledicências, mas sim levou a todos à reflexão da misericórdia divina.
 - Pereira foi maravilhoso, simples, mas de uma profundidade sem igual, afirmou Beatriz. Todos concordaram e por isso aquela senhora de BH foi entregar um presente ao missionário. Levou para ele estátuas de profetas, exatamente porque o pregador se tornou para nós um profeta.
 ____________ 
* militante redentorista, presente no SRSA entre os anos de 1969-1974. Na vida conseguiu ser professor, estudante e católito.

Conto de Afonso Cavalcanti - Ninguém dá o que não tem


Ninguém dá o que não tem
Afonso de Sousa Cavalcanti

        O edital do vestibular de verão da Faculdade já estava disponível ao público. Os formandos do ensino médio procuravam ansiosos pelos cursos, pela data de inscrição e mais: queriam informações sobre os cursos, sobre suas grades curriculares. Oportuno foi o momento em que mais de 20 jovens se aproximaram da página que informava acerca do Curso de Letras.
        Ali, bem próximo do quadro do edital, sentado e com os braços apoiados sobre uma mesa, estava o velho professor de latim daquela instituição. O mesmo se levantou e foi até os jovens e os cumprimentou. Dirigindo-lhes a palavra, foi dizendo:
     - Bem vindos a esta casa de ensino! Muitos já atravessaram o caminho por aqui e hoje são bem sucedidos. O curso que vocês observam tem por finalidade formar licenciados e pesquisadores em Letras. O forte deste curso é a nossa língua. Aprender a língua é desenvolver diversas habilidades que vão da simples observação – nas formas de ler, interpretar e transmitir – até à linguagem mais complexa: abrangendo literaturas, teorias literárias, línguas estrangeiras, além dos mecanismos diversos da linguagem, ora vistos pelos lingüistas, ora cobrados pelos gramáticos. Vocês ainda não me conhecem. Apresentando-me a todos, informo-lhes que no momento sou professor da Língua Latina e de Literatura Latina. Tenho a maior paixão pelo que ensino. A Língua Latina e os clássicos latinos são minhas raízes, neles me realizo. Quando tenho dúvidas, recorro a eles e confesso-lhes que tenho respostas imediatamente.
        Entusiasmado pela fala vibrante do professor, Marcos puxou conversa com ele e procurou retirar dele algum conhecimento. Foi dizendo:
     - Meu pai é advogado. Volta e meia, vejo seus processos. Constantemente ele usa termos latinos. Disse-me ele que os advogados novos já não mais aprendem o latim, pois este é uma língua morta.
        O mestre ouviu o futuro aprendiz e dialogou calmamente com ele:
     - Gostei de ver, meu rapaz! Vejo que já se interessou pela matéria. A Língua Latina é a mãe da língua portuguesa, portanto, é sua alma. Sem que compreendamos a raiz das palavras, nosso raciocínio ficará truncado. Procurem ouvir o que vou dizer. Irei ensinar alguns aforismos e os repetirei duas vezes para que os mesmos possam ser gravados em suas memórias. Assim que eu apresentá-los, por duas vezes, farei sua tradução para o português.
        Com muito respeito e simbolismo, o velho professor pára por alguns segundos e se coloca em posição de contemplação. Digamos, aquela posição que os patriotas se põem no momento em que entoam o hino de sua pátria. A concentração é tudo para que o ator – neste caso, o professor de latim – possa pronunciar as sentenças e motivar os futuros acadêmicos de Letras. O Latim, bem falado, soa gostoso nos ouvidos dos meninos. O mestre, fazendo como se fosse um aperitivo, pronunciou:
     - "Dura lex, sed lex", "Dura lex, sed lex". (A lei é dura, mas é a lei).
     -  "Hodie mihi, cras tibi". "Hodie mihi, cras tibi". (Hoje para mim, amanhã para ti).
     -  "Homo homini lupus". "Homo homini lupus". (O homem é lobo do homem).
        Ouvindo a boa pronúncia do professor, os estudantes pediram àquele que os recepcionava para que dissesse mais aforismas. O mestre empolgado resolveu dizer frases mais consistentes e com forte cunho moral. Sua voz foi ouvida por mais pessoas de forma que ele se entusiasmava cada vez mais:
     - "Ocasio facit ferum". "Ocasio facit ferum". (A ocasião faz o ladrão). O sujeito, por errar uma vez, por roubar o tempo ou a mercadoria, e não ser corrigido, continuará errando. Errará tanto que seu bom senso entrará em desuso;
     - "Imperium habere vis magnum? Impera tibi". "Imperium habere vis magnum? Impera tibi". (Queres ter um grande poder? Governa a ti mesmo). O poder está em nós mesmos, em nossos sentidos e racionalidade. Está no cumprimento do dever e no exercício do direito;
     - "Mens in corpore tantum molem regit". - "Mens in corpore tantum molem regit". (É o espírito que rege o corpo). Sem a racionalidade, nossas ações são puramente animalescas. Agimos como lobos e apenas experimentamos desejos, se não dermos conta de que a racionalidade é extremamente necessária. 
        Os três últimos aforismos ensinam sobre o animal político que todos nós somos. A ocasião também faz o que é vigilante, basta procurar o poder em si mesmo e deixar que sua alma intelectiva governe plenamente.
        Interessante! O vestibular chegou, as aulas foram aos poucos sendo ministradas. Os professores demonstravam saber, principalmente os professores de Língua Portuguesa e de Filosofia que faziam questão de diferenciar com precisão as definições e os conceitos; de acertar, nos mínimos detalhes, as palavras e as sentenças mais significativas. Quase sempre buscavam os significados mais profundos nas raízes dos termos, bem juntinho das línguas grega e latina. De forma que os acadêmicos tinham nas veias sanguíneas o provérbio latino: "Nemo dat quod non habet" (Ninguém dá o que não tem). Sinceramente, as frases são construídas com erros gramaticais; as idéias são confusas; a linguagem falta com sua finalidade. Isto ocorre porque aquele que transmite não possui o objeto da comunicação, ou seja, o pensamento bem construído.
        O tempo decorreu. Janeiros vieram, e aqueles acadêmicos, agora professores, pós-graduados, retornam como egressos para a festa de sua instituição de ensino. Não mais encontram o professor de Latim – a instituição aboliu da grade curricular a disciplina de Língua Latina, pois o latim é desnecessário, afirmam os dirigentes daquela faculdade. O latim caiu no esquecimento. Com ele também se foram os clássicos filósofos e a disciplina de Filosofia. O velho mestre somente ficou na saudade, como um mito que apenas é ouvido por quem sabe referenciar a mãe de nossa língua pátria.
        Sem medo de defender o que é forte, o que é cultura, reproduzo o som que ainda está em minha memória: "Alia jacta est".(A sorte foi lançada)"; "Veni, vidi, vici". (Vim, vi, venci). Quem sabe as novas estratégias de difundir a língua e de cultivar o saber, sejam muito eficientes e valha a pena afastar-se das raízes históricas!