Crônicas de Edson Tavares - .......... ?????? Ah, tá!

.......... ?????? Ah, tá!

E foram abalados os alicerces do capitalismo. A auto-regulação do mercado, viga mestra do sistema econômico ruiu. O dólar já era e a recessão, a inflação e a desconfiança mostraram suas garras.

Uma antiga e singela definição de shopping dizia: é o local onde você encontra muitas coisas que precisava e nem sabia. E assim caminha a humanidade. Estimulando o consumo e medindo crescimento através de números que demonstram que as pessoas estão comprando mais.

O sinal de alerta sempre soa quando não aumentamos os percentuais de vendas e consumo em relação ao mês anterior, ao mesmo período do ano passado ou quem sabe em relação aos outros países.

Compramos celulares que não precisamos e transformamos em lixo equipamentos que foram subutilizados. O videocassete virou peça de museu sem que conseguíssemos gravar um único filme. Alguém se lembra de ter comprado uma caneta e esgotado sua tinta? Dificilmente.

E a mola propulsora deste sistema econômico está fadada ao caos, pois, em algum momento, teremos que prestar contas ao mundo real. O Brasil tem demonstrado níveis consideráveis de crescimento nos últimos anos. Tais números podem ser evidenciados nos televisores, computadores, celulares, motos e principalmente carros que foram vendidos. Mas a que custo? Permita-me uma análise um pouco diferente dos fatos.

Grande parte do dinheiro circulante vem do crédito consignado que atrela salários, aposentadorias e pensões a débitos futuros. Endividamos trabalhadores e inativos e não necessariamente geramos renda. Consórcios e crediários esticaram os prazos e venderam mais, muito mais...

O crédito facilita as compras, mas os juros geralmente são assustadores. Nossa capacidade de produção, armazenamento e transporte são limitados então, precisamos estabelecer e seguir metas. Caso contrário o dragão da inflação pode deixar sua toca.

Naturalmente quando comprometemos valores que ainda não possuímos necessitamos utilizar nosso “tempo” na aquisição deste dinheiro.

E o tempo é uma variável que não podemos controlar. Não existe banco no mundo que possa aplicar meu tempo, pagar algum juro por ele ou quem sabe, oferecê-lo a alguma outra pessoa ao custo de algum juro composto.

Quanto mais devemos menos tempo temos para aquelas coisas que realmente são importantes na vida. Algum matemático haverá de calcular quanto nos sobra para viver depois de deduzir a parcela do governo com sua fome voraz de impostos, da escola, farmácia, mercado... Certamente algumas contas nos aprisionam, mas podem ser consideradas inerentes ao existir. Outras nos são impostas pela mídia e pela modernidade. Se devo tenho que trabalhar. Gasto “meu tempo” que é tudo o que tenho. E não posso jogar futebol, soltar pipa com o Leonardo, pescar com meus irmãos ou passear com meus pais.

Mas como tenho conseguido não me endividar, é assim que vou gastar meu TEMPO.

Edson Tavares

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