Artigos de Edson Tavares - Ser eu mesmo

Ser eu mesmo

         “É preciso ser honesto. Acima de tudo, é preciso parecer honesto”.
         Na era da informação e da mídia soa estranha tal afirmação. Talvez seja possível nem mesmo ser tão honesto assim, mas parecer imaculado.
         Um bom marketing alveja um mensaleiro, pianista ou sanguessuga. Ah! Manter essa imagem pode custar mais que alguém tão perfeito assim possa pagar. Então, sabe-se lá...
         Quando cerveja "refresca até pensamento", Collor caça Marajá e ministro vende sentença cabe uma reflexão: Existem limites para a publicidade? É possível vender videocassete com uma boa propaganda? Vinil? Crush?
         Talvez Duda Mendonça seja capaz de transformar Maluf no ícone da ética nacional. Um modelito do Clodovil e uma esticadinha do Pitangui, uma boa maquiagem, pintura dos cabelos e pronto: Temos um herói nacional, com vassoura e tudo.
         Temos que parecer bem. E vale quase tudo. Academia, cirurgia, botox, silicone, maquiagem, água oxigenada, sutiã com enchimento... E tem até chocolate que não engorda!!! Ao menos aquela modelo linda da propaganda afirma isso.
         E como alcançamos a era da “liberdade” temos o direito de sermos nós mesmos. Devemos lutar para afirmar nossa identidade e mostrar a todos como “realmente somos”. E devemos ser aceitos como somos. Pronto! Resolvido!
         Não são poucos os que pregam esses princípios. Mas se esquecem que a convivência nos impõe alguns pequenos compromissos. Uma sociedade centrada no eu está fadada ao caos. É imperativo que nos lembremos que conviver é sim, viver com. Com as diferenças, com as sutilidades e, particularmente com “equilíbrio”.
         Embora possamos levar essa discussão a termos filosóficos a grande verdade já nos havia sido comunicada: “Conheça-te a ti mesmo”. E, a partir daí, promover as mudanças necessárias. E aceitar as limitações pertinentes. Claro! Promover adaptações, mudanças, metamorfoses...
         Orientar esse processo cabe a todos. Pais, amigos, familiares, profissionais da educação, saúde, administração e ao próprio indivíduo. Não podemos ser ou fazer alguém feliz apenas “como somos”. Mudar é belo, evolutivo, transcendental. Considerar-se pronto e acabado, mesmo não o sendo, é tentar impor a imperfeição e fugir da vocação humana da busca lúcida, emocional e prazerosa do divino.

Edson Tavares

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