Festa no Reino (Sátira Política)
A bicharada ia-se reunindo, pouco a pouco, para uma grande festa, na casa do Leão, do Ministério da Fazenda, em comemoração ao seu aniversário.
Cada animal, em seu traje típico, aproximava-se do recinto, com certa desconfiança.
Entre eles transparecia uma cordialidade fingida; no íntimo uma hipocrisia desconcertante.
Tímidos, sabiam que, no Reino Animal havia enorme corrupção, começando pelo Leão que abocanhava o Imposto de Renda.
Cautelosos não faziam comentários; ninguém queria “colocar o seu ... na reta”, ou “botar sua cabeça a prêmio”.
Estavam ali presentes as celebridades: o Presidente Leopardo; o Senador Urso; o Gato Conselheiro; a Raposa do INSS (Instituto Nacional da Sociedade Silvestre); a Hiena, Prefeita do Arraial das Lebres; o Lobo do Banco Central; o Chacal, Ministro da Saúde; o Pavão, Ministro da Educação; os famosos advogados Dobermann e Rottweiler, daquele fundo monetário estrangeiro; o Senador Sapo e muitas outras autoridades eminentes, todas cúmplices das falcatruas, ou coniventes na gatunagem.
Os ilustres convidados acomodavam-se nos lugares indicados pelo protocolo, e, lá embaixo, no salão, ficava a bicharada, “o zé-povinho”.
Naquele dia, o Leão não fazia distinção, pois comemorava-se o seu aniversário; além disso aproximava-se a campanha política.
A festança era de arromba e acontecia à tarde, horário bom para que, depois, a bicharada fosse embora mais cedo, antes do anoitecer.
Os discursos eram prolongados e enfadonhos.
Num dado momento o Leão usou da palavra e começou sua fala:
“Hoje, tudo é festa no Reino Animal.
Quero lembrar que vim lá da África, ainda pequeno; cresci e naturalizei-me neste Reino.
Por minha força e coragem, meti-me na política e agora sou do Ministério da Fazenda, no governo de sua Excelência, o Leopardo.
Ajudei a fazer dessa democracia uma grande corrupção e coloquei na penúria a bicharada, com o Imposto de Renda.
Vocês não acham isso maravilhoso?” ...
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