Crônicas de Thadeus Palka - VENCEDOR E PERDEDOR

VENCEDOR E PERDEDOR

(*) – Thadeus Palka.

              O melhor, portanto, é trocar o verbo; ao invés de querer é poder, dizermos apenas fazer é poder. Este é o verbo do verdadeiro vencedor.
              Ao falar em vencedor, logo temos a imagem de alguém muito competitivo, sem ética e invariavelmente solitário.
              Na verdade, vencedor é a pessoa que consegue atingir os seus objetivos. Mais do que vencer os outros, ele vence as suas próprias fraquezas, inseguranças e inabilidades. O vencedor sabe que a derrota é uma possibilidade e se prepara adequadamente para que ela não aconteça. Apesar disso, concentra sua atenção em alcançar suas metas, e não em evitar as derrotas. A postura diante da possibilidade da derrota é um dos principais aspectos que diferenciam um vencedor de um perdedor.
              Perante a derrota o perdedor tem duas atitudes básicas: o menosprezo e o pessimismo. O perdedor que menospreza a hipótese da derrota dá pouca importância ao adversário e não tem consciência de suas limitações. Por isso freqüentemente é pego de surpresa. A segunda atitude é o pessimismo. Nesse caso, a pessoa acredita que nasceu marcada para perder. Entra nas disputas já preparando uma desculpa para a derrota. No campo profissional costuma aceitar os desafios de má vontade, com o único propósito de provas, ao final que tudo ia dar errado. Como o perdedor não aceita em si, nem em sua capacidade de assumir sua própria responsabilidade.
             O perdedor vive como um pedinte. Pede amor, compreensão, piedade e, quando não recebe, julga os outros injustos por negarem o que ele queria. O perdedor se satisfaz em apenas começar uma tarefa. Se ele telefona para alguém e o número está ocupado, não liga novamente. Não procura na lista telefônica um número alternativo, não busca outro meio de fazer a tarefa que depende, em princípio, daquele telefonema.
              O perdedor está muito mais preocupado em explicar porque ele não consegue fazer do que em completar seu trabalho. Mantém uma estrutura perdedora em sua volta. As pessoas a quem ele se associa, sua casa, tudo cheira fracasso. É desorganizado e sem método. É um especialista
em problemas. Cultiva, rega e colhe problemas. Entra na sala do chefe e sente um prazer quase físico ao vê-lo desesperar-se com aquele problema novinho em folha. Não se importando com o resultado de seu trabalho, espera apenas que o expediente termine que o dia termine, que a vida termine. Sua única conquista é a aposentadoria – que virá por si própria – fará ele o que fizer.
              Já o vencedor sabe que se não conseguir algo faz parte das possibilidades da vida. Se prestarmos atenção, notaremos que aproximadamente 20% do que fazermos não dá o resultado esperado. Telefonamos e a pessoa não está. Procuramos um livro e não o encontramos.
              O vencedor sabe que, se algo não der certo, isso faz parte do jogo. Não se revolta como uma criança só porque convidou um cliente para almoçar e ele recusou. Simplesmente pensa na melhor maneira de convidá-lo novamente. Quando não consegue realizar seus objetivos, em vez de ficar se torturando e se culpando, procura refletir sobre sua conduta para aprender e crescer. Ele sabe o que quer e procura não se distrair, sabe estipular o tempo para as realizações. Quando sente capaz de conquista um emprego ou um cargo melhor, jamais fixa o pensamento de que isso não é ruim para ele. Em vez disso, pergunta a si mesmo: o que preciso fazer para consegui-lo. O vencedor não gasta seu tempo em crises existenciais inúteis. Se pretender ser pintor, advogado, médico, comerciante, sabe que precisa estudar, dedicar-se com determinação. O vencedor tem o coração aberto e apaixonado. O vencedor tem um prazer constante em aprimorar-se. Para ele, aprender algo novo sempre é motivo de fascínio. Quer sempre descobrir o que há do outro lado da montanha.
             O vencedor sabe agradecer. Agradece não só as pessoas que lhe deram a mão na subida, mas também àquelas que lhe criaram, obstáculos, pois compreende que os empecilhos são os grandes mestres. Como aqueles pesos usados no treino das jogadoras de vôlei, para que elas saltem mais alto quando chegar a hora do jogo. Um vencedor é aquele que adota uma postura básica de determinação para vencer. Essa postura compõe-se de uma série de características, tais como: é confiável, é humilde, tem postura de vencedor, pensa grande e dá passo certo, sabe ser especial, sabe lidar com os erros, é cooperativo, associa-se a vencedores, respeita a vocação, é ético, resolve, sabe aproveitar as oportunidades, tem alto astral, sabe aproveitar as lições do passado, tem visão do futuro, é firme e flexível, tem capacidade de comunicação, é um bom vendedor de si mesmo e sabe dar uma energia extra.
              Vencedor tem que ser além de eficiente e eficaz, ser efetivo. Eficiente é aquele funcionário do hospital que preenche a ficha de forma correta, não se importando se tem gente morrendo na fila ou não. O eficaz, pelo contrário, preenche mais rápido a ficha e dá prioridade para quem está morrendo. O efetivo é o vencedor que inventa uma forma de acabar com a fila.
              Sucesso é algo pessoal. Muito pessoal. Quem mais teve sucesso: o cientista que ganhou o prêmio Nobel ou o ator que ganhou o Oscar? A única resposta possível é: depende do objetivo de cada um. Há muita gente que sinceramente não quer ser milionária ou detestaria ser famosa.

(*)-Advogado e ex-professor da FECEA-PR.

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