Crônicas de Edson Tavares - CASA DA SOGRA 2


Casa da Sogra (2)

E a festa rolava solta pela cidade. Com todos embriagados, inclusive sua filha.
         João Ubaldo emocionado não cansava de admirá-la embora contrariado.
         “É, realmente ela é uma Ubaldo! Sabia que podia confiar nela”. - pensava inebriado por aquela gratificante notícia. Sua filhinha era agora uma quase doutora. Seria Engenheira, aquilo que sempre sonhara ser.
         Veja, pai! - e mostrava o jornal com a lista dos aprovados.
         Não, não era possível. O nome dela não constava da lista.
         Aqui, pai. - com o dedo apontava os aprovados de Direito.
         “Traição. Não pode ser. Esta desgraçada teve a capacidade de mudar de curso sem mesmo me consultar! Eu não estou valendo é mais nada mesmo”. – pensou.
         E voltou para o mercado totalmente arrasado.
         Desde então procurou distanciar-se desta baderna juvenil e dedicar-se um pouco mais à pequena Marina. Era sua nova e última esperança.
         Pouco mais tarde recebeu a visita da menina em seu mercado. Seus olhos brilhavam de uma maneira muito diferente. Parecia querer dizer alguma coisa, mas como conhecesse muito bem a própria filha, sabia que não diria. Passou a mão no telefone e perguntou à sua esposa a respeito daqueles olhinhos negros.
         Ela está doidinha por um Roller!
         João espumava de raiva. Tanta coisa segura para se divertir e ela quer logo um roller. E já imaginava a menina com os dois braços quebrados ou se esquivando dos carros no “pesado trânsito” de São Pedro do Ivaí.
         Mas não conseguia olhar a pequena que seu duro coração partia. Comprou o brinquedo. E também joelheiras, cotoveleiras, capacete e um montão de medicamentos.
         Seu pai que atualmente se ocupava da terapêutica missão de brincar com as crianças sorria e parecia mais satisfeito que a própria netinha ao ver o brinquedo.
         Quer andar um pouquinho, Vô?
         Ao que o velho sorria e incentivava a menina.
         Enquanto isso João corria de um lado pro outro cercando e protegendo a filha que já dava mostras de irritação. Mas era essa sua missão de pai - proteger sua família.
         Mas num único descuido sua filha e seu pai desaparecem por detrás da garagem e parecem não mais voltar. Rateando gritava pela esposa para que o ajudasse a encontrar Marina.
         Ainda praguejava quando a pequenina apareceu contornando a moto de seu genro que ocupava espaço em sua garagem e recebeu um impulso do avô pelas costas.
         O coração do de João ameaçava saltar pela boca. Mas a menininha deslizava elegantemente e sorria para o paizão orgulhoso que chamava toda a vizinhança para apreciar o espetáculo.
         Esta menina tem futuro! Vai ser ginasta com toda a certeza!

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